Calçados de látex: direto da floresta para seus pés

Confeccionados a partir do FDL, eles são confortáveis, ecológicos e agregam capital social

Luca Harzög*

Abrajet-Acre

Desta os aficionados em produtos orgânicos irão gostar: sapatos de látex confeccionados a partir de Folhas Defumadas Líquidas ou FDL, como são mais conhecidas. A novidade agradou tanto, que todos que visitam o estande onde os produtos são expostos dificilmente saem se m levar um par. Além de ser feito de matéria prima natural, o látex das seringueiras, estes calçados têm a vantagem de agregar valor social.

O motivo está basicamente ligado ao fato de que é utilizado na confecção folhas de FDL, que possui maior valor que a borracha produzida pelo modo tradicional: R$ 7,90 pelo quilo de FDL contra R$3,20 o quilo da tradicional. A utilização desta nova técnica de beneficiamento do látex é incentivada pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar – Seaprof- em parceria com a Universidade de Brasília – UnB.

O processo de produção é bem diferente se comparado ao tradicional, sendo que a principal diferença reside no fato de o seringueiro não ficar mais exposto à fumaça, pois não se utiliza mais o processo de defumação propriamente dito. O látex, após coletado, é coado, adicionado água, o coagulante e deixado para coagular. Depois de formado o coágulo, ele é amassado, cilindrado até formar folhas bem finas, posto para secar e prensado em fardos de cerca de 15 kg.

De acordo com José Rodrigues de Araújo, mais conhecido como Doutor Borracha, a utilização desta nova técnica melhorou muito a vida dos produtores de látex. Ele ainda acrescenta que os produtores fecharam um contrato com uma empresa francesa para fornecer a ela o FDL para a produção dos solados dos calçados Veja. Toda a produção, incluindo o excedente, é vendida a ela.

Foi ele também quem desenvolveu a técnica de produção dos calçados de látex na colocação Cumaru – seringal São Francisco, em Assis Brasil – e que estão expostos no estande. Ao látex, ainda sem coagular, ele acrescenta pigmentos e, com isto, obtém o FDL de diversas cores para produzir os calçados. Depois é só cortar as tiras e montar o calçado, que além do Acre, é enviado para outros estados, como Paraná e Rio Grande do Sul. Em Rio Branco, os produtos são encontrados na Casa do Artesão ou podem ser encomendados através do e-mail elias13.araujo@gmail.com.

*Estudante do 5º perído de Comunicação Social/Jornalismo da UFAC – Universidade Federal do Acre.

Fotos Marcos Vicentti/Amazôniaphotos